O derramar do Espírito, como
narrado no livro dos Atos, capítulo 2 vai ser um marco na história de Israel. O
povo que neste momento histórico está maduro para o recebimento do Messias como
redentor (João 1:15~37 – Ef 1:8~14) já historicamente participantes das
alianças, agora estão firmados numa Nova Aliança que tem como base o sangue
daquele que se deu em sacrifício vicário como propiciação pelos pecados de seu
povo, a saber, Jesus, que de acordo com o testemunho, dos pais
apostólicos, registrados nos textos que nos servem como padrão de doutrina e
conceitos (cânon),ressuscitou ao terceiro dia para justificação de seu povo.
A grande maioria das
postulações teológicas, sistemáticas, não leva em conta o contexto histórico em
que se desenvolve a nova doutrina anunciada pelo Rabino da Galileia. Sua mensagem
vai de encontro ao que era vivenciado pelos escribas, intérpretes da lei pelos
saduceus e fariseus, esta última uma seita popular entre o povo. O judaísmo não
é uma religião coesa e está dividida em vários grupos e seitas, conforme
descritas abaixo, sendo a dos fariseus e saduceus as principais.
Saduceus
Elite governante que tem como principal
preocupação a manutenção do “status quo” político vivendo um casamento
incestuoso com o Império Romano. Abominando-o de um lado, mas tolerando de
outro, pois a manutenção desta elite no poder depende da tolerância o poder
imperial. Não era bem vista pela população, por causa da complacência à
ocupação romana justamente por preocupar-se com a manutenção de seu poder. A
casta sacerdotal era escolhida dentre os membros desta seita justamente por
esta relação com o poder dominante; o cargo de sumo sacerdote era importante e
demandava uma preocupação maior por parte do prefeito romano. Os saduceus eram
liberais quanto às suas convicções religiosas, não crendo que haveria uma
ressurreição ou mesmo a existência de anjos. Apegavam-se mais à questão
jurídica do Pentateuco devido à natureza política de sua seita e não eram ateus
como muitos às vezes parecem mostrar. A literatura ou mesmo a cinematografia
mundial tenta mostrar os saduceus como homens desalmados, não apegados a
qualquer tipo de justiça, o que não é historicamente correto. Eram homens de um contexto histórico específico,
preocupados em manter seus privilégios e jogavam o jogo político com as armas
que dispunham. Demonizá-los seria cometer uma arbitrariedade na interpretação
do momento histórico e além do mais não devemos esquecer que foram instrumentos
e agentes da história para o cumprimento das profecias.
É difícil determinar a origem desta seita. Sabemos
que existiu nos últimos dois séculos do Segundo Templo, em completa discórdia
com os fariseus. O nome parece proceder de Sadoc, hierarca da família
sacerdotal dos filhos de Sadoc, que segundo o programa ideal da constituição de
Ezequiel devia ser a única família a exercer o sacerdócio na nova Judéia. De
modo que, dizer saduceus era como dizer "pertencentes ao partido da
estirpe sacerdotal dominante". Diferiam dos fariseus por não aceitarem a
tradição oral. Na realidade, parece que a controvérsia entre eles foi uma
continuação dessa hostilidade que havia começado no templo dos macabeus, entre
os helenizantes e os ortodoxos. Com
efeito, os saduceus, pertencendo à classe dominadora, tendo a miúdo contato com
ambientes helenizados, estavam inclinados a algumas modificações ou
helenizações. O conflito entre estes dois partidos foi o desastre dos últimos
anos da Jerusalém judia.